*COTIDIANO

Data 08/09/2019 18:40:47 | Tópico: Poemas


*Cotidiano

Silêncio nas madrugadas mudas,
só a voz do vento bate a janela.
A chuva tímida rabisca a lágrima,
lágrima triste que a mim se anela.

Voo na imensidão do pensamento
sem empecilho adentro tua alma
vazia, eu vi no olhar por telepatia
a melancolia, sina que me acalma.

Está aí no templo dos teus ventos
Regando a sintonia no cotidiano,
seria só ventura, mas os teus rebentos
ocultam as tormentas, vem o minuano.

Vento que varre, mas inda não limpa
a solidão que teu suor imprime.
Quisera fazer de ti à ressonância
das ondas sonoras partícula sublime.

Filtrar em cada emoção o teu pulsar
colando o ouvido no teu peito,
decifrar horas e minutos do oculto
em cada pulsação vivendo o deleito

dos dias, dos segundos, dos encantos,
que por aventura tiveste na passagem
dos anos peregrinos, dos desencantos,
sem mim, escondidos na bagagem.

Retorno à madrugada dos silêncios,
o sonho sucumbiu sem teu olhar.
Em cada despertar do meu cotidiano
Esta angústia louca em te ocultar...

Sonia Nogueira

Do livro: Silêncio que Fala



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=345528