Ama-me!

Data 09/04/2008 07:46:54 | Tópico: Poemas -> Amor

Consagro-te a minha alma nua:
toma-a na tua mão que t’a ofereço
na nudez despida de cada sílaba, de cada palavra,
cinzelada a laser em antecâmara do verso.
Toma-a sem receio maior
que não seja o de te dares inteiro ao amor.
Ama-me
na placidez do fundo do mar e na revolta soberana da onda.
Ama-me no ínfimo espaço de um segundo (que seja)-
aquele em que, Big Bang, nasceu o mundo.
Toma-te,
profana-me em leito de folhas frescas,
em searas abertas,
na vastidão ondeada dos trigos: Seremos Deuses. (1)
Ouve
de mim as artérias e as veias que pulsam cheias
os rios que se explodem orgânicos na saliva de nossas bocas.
Constrói-me um trono:
Serei dele Divindade, Vestal dum só Senhor.
Ama-me assim:
No sangue, na carne,
na seiva que se escorre em flor da derme em rama,
na flor nívea do sal.
Toma-me tua na longitude que reconheces em meu olhar.
Serei de ti o porto, a água, o vento, a bússola e a carta de marear.

Ama-me que quero morrer d’amar!

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(1) Título de poema da autora
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