Soneto de suicídio

Data 23/10/2019 17:38:13 | Tópico: Sonetos

A música cessou e esgotou-se a bebida...
No escuro de meu quarto, aos prantos, agonizo;
Seguro um canivete e n'um pulso o deslizo,
Fazendo transbordar os resquícios de vida.

Anseio pra que a morte seja uma saída
E não condenação a inferno ou paraíso.
Que eu possa repousar isento de juízo
E que aqueles que amei não sofram co'a partida.

E, enquanto o sangue rubro e ardente tinge o chão,
Escapa-me a firmeza habitual da mão,
Espasmos tomam conta do corpo lesado.

Exausto de esperar, debalde, por socorro
Enquanto ainda vivo, cerro os olhos, morro.
— Perdoa-me, querida mãe, fui derrotado!

Castro, 23/10/19




Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=346343