Trilogia: Destempo (2/3)
Data 08/11/2019 21:39:32 | Tópico: Poemas -> Surrealistas
| Hoje, nestes dias de reflexão, a melancolia faz-se presente Ela faz escrever um poema duro, dos que brotam lágrimas Desenhadas nos pergaminhos das memórias mais distantes Sem tangentes para fugir, a corrente tem os elos corroídos Esquecerei que envelheço, até chegar o dia trágico da morte Inefável e necessariamente, para dar fim ao trem do existir
Onde um dia frutificou a poesia, a pretexto do meu existir Será a pena calada a buscar no infinito um resto de abraço Vejo olhares sem brilho, já não refletem as linhas borradas Nos túmulos do desterro jaz a dor que fez morada em mim Para lembrar a necessidade de um olhar novo, mais astuto Assim centrar a vida no seu lugar e refazer tudo no jardim
Vejo da janela, cortinas brancas, o curso à beira as falésias É tudo tão sublime, expressão do divino nas letras da vida Onde o tinteiro de orgulho das pessoas jamais irá escrever Não tem valor aquela corrente de verbos sem sensibilidade É vital ter liberdade de espírito, exprimir o que vai na alma O poeta não deve almejar o triunfo do retumbar do aplauso
Ter inteligência emocional é ouvir os ecos dos que o amam Ser feliz como criança e suas bolinhas de sabão reluzentes Apostar, distraído, na sorte, pois a única certeza é da morte Quando olho nos reflexos de outrora, vejo apenas sombras O silêncio já foi o meu melhor refúgio num canto qualquer Minha fala era escrever para ocultar meu o olhar de sangue
Hoje, amenizado, anseio as chuvas de pétalas pluricoloridas Exercitei um sorriso largo entre as estrelas com maior brilho Abandonei a tristeza que congelou meu peito a cada partida Primordialmente, prosseguir junto de tudo que me complete Sem olhares gélidos, dizer não ao que tirou o melhor da vida Dar adeus, sem olhar para trás, aos dias cobertos de lágrimas
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