
ROLDÃO (cordel à beira-mar)
Data 06/12/2019 00:39:05 | Tópico: Poemas
| ROLDÃO (cordel à beira-mar)
Na antiga cidade do Grande Condado, Na qual o rei franco propôs sua Marca, Vislumbra vir Hércules p'la nona barca E ali, n'essas águas, ao encontro do Fado Se fez ele herói em remoto passado... Neblina dos montes vê densa baixar A ponto que olhando não saiba o que olhar: A Carlos parece que traz uma espada E assim vencedor d'essa longa jornada Por fim s'engrandeça na beira do mar:
-- "Saúdo os caídos em má retaguarda À custa de infâmia, traição e impostura, Que tanto contrastam co'a firme bravura Oposta a ladinos na serra galharda. Ninguém poderá contra sua figura Ousar diminuir esse feito sem par... O passo estreitado que soube fechar Co'o próprio cadáver de espada na mão! Negou-se a tocar d'Olifante o berrão P'ra qu'eu o cantasse na beira do mar".
"De facto, Roldão em fechar o caminho Se pôs entre as rochas e contra o inimigo. Sustenta seu posto com grande perigo Contendo guerreiros por horas sozinho. Mas queda ferido sem ter outro abrigo Senão os abismos d'aquele lugar. A espada Duranda soubera ocutar E a morte esperou sobre as neves tingidas Co'o sangue d'aquelas inúmeras vidas Que agora recordo na beira do mar.
"Os doze de França nas terras d'Espanha Na má retaguarda caíram um a um À prova meus homens, sem medo nenhum, Ficaram p'ra sempre n'aquela montanha Lembrados em verso na imensa façanha De toda uma tropa sozinhos parar! E, se hoje às Espanhas eu pude voltar, Decerto foi pelo total sacrifício: Roldão e seus homens n'um precipício Serão sim eternos na beira do mar!
Belo Horizonte - 05 12 2019
|
|