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    	Data 13/12/2019 00:26:53 | Tópico: Textos -> Outros
 
  |                                      Fernando trabalhava com um velho caminhão. Entregava fretes. Saía de casa na segunda-feira pela manhã bem cedo e apenas retornava na sexta-feira, e tarde da noite. Sempre havia serviço e ele viajava por longas  estra-das. Certamente, era uma faina  cansativa, porém  ele  já  estava  habituado, pois há anos se entregara a esse  tipo  de  trabalho.  Cobrava  bem,  ganhava dinheiro. Já trocara de caminhão umas três vezes. No momento,  seu  trans-porte estava “novo em folha”, fazia poucos  meses  que  o  recebera.  Estava feliz.              Fernando era casado com  D. Neusa há 18 anos. Tinha 3 filhos:  duas moças ( Sandra, 17 e Regina, 14) e um  rapaz ( Rainer, 13). Seus filhos   eram exemplos, muito educados e estudiosos.               Uma pergunta que, talvez, mereça de pronto uma  resposta:  Por que Fernando só chegava tarde da noite às sextas-feiras? Bem, o  caso  era  que o caminhoneiro  descobrira  um  posto de gasolina à  beira  da  estrada  e, lá, um ambiente festivo, porque havia um  restaurante-bar,  onde  ocorriam  co-mes e bebes e uma boa música. E Fernando adorava dançar...              Numa das sextas-feiras, aconteceu algo diferente. Fernando já  ha- via ingerido algumas cervejas e  estava  “louco”  para  dançar.  Deixou  que  o olhar vasculhasse o recinto até que desvendou  uma  “loiríssima”  garota  que  estava solitária numa mesa. A moça bebia uísque e fumava um  cigarro.  Fer- namdo resolveu aproximar-se. - Permite-me que me sente ao seu lado? – Indagou.              Pega de surpresa, a moça respondeu: - Fique à vontade. Estou mesmo  precisando de uma companhia. Obrigada! - Obrigado digo eu – Disse Fernando.              Logo entabularam conversa. Ambos se  deram  bem,  porquanto riam demasiado.  Pouco  tempo  depois,  lá  estavam  “agarradinhos”  no  meio    do  salão, dançando efusivamente. Terminaram a noite  num  pequeno  quarto  de aluguel que o posto oferecia aos que desejavam entregar-se de corpo e    al- ma aos prazeres do sexo. Estava amanhecendo quando se despediram e cada qual seguiu seu destino.              Fernando estava  deslumbrado  com  Iracema,  a “loiríssima”  garota  que conhecera. Todas as sextas-feiras se encontravam ali no mesmo local   e a vida e o tempo eram poucos para eles. Na verdade, o caminhoneiro se  dei- xou  apaixonar  por  Iracema, moça que era desconhecida do local. Todos fo-  ram unânimes em afirmar e a concordar com  Fernando:  tratava-se  de  belo exemplar feminino, provavelmente nunca antes visto naquelas redondezas.              Dois meses se passaram. Estavam  mais do  que  felizes, Fernando e Iracema. Nesta sexta-feira, o caminhoneiro chegara com um firme  propósi- to, logo comunicou à amante sobre seus planos: - Não estou mais a suportar, Iracema – Confessou – Estou disposto a pedir o divórcio à Neusa e casar-me com você... Você aceita? - Deus meu! – Replicou a loira, assustada – Tem certeza do que está a me di- zer? - Absoluta! – Confirmou Fernando. - Bem, seja feito como planeja – Colocou. - E hoje vou deixá-la em casa, quero conhecer seus pais, sua família. - Terá coragem para tal? – Indagou Iracema. - Por que não? Gosto de assumir meus compromissos...              E  eram 3 horas da manhã  quando  abandonaram  o  pequeno  quarto onde se entregavam ao amor. Foram até  o  caminhão,  entraram  e  seguiram  o destino traçado por Iracema.  - Mas tem certeza de que é por aqui sua  casa? – Perguntou  Fernando,  meio nervoso – É que não vejo qualquer habitação nesta escuridão. - Claro, meu amor. Pode parar, chegamos – Disse a moça. - Aqui? Mas só há mato... E o cemitério do outro lado – Falou Fernando.              Não houve tempo para que Iracema respondesse, apenas se  despe- diu assim: - Até a próxima sexta. Tenha uma boa semana.               Apressadamente caminhou em direção ao muro do cemitério e  nem foi necessário escalá-lo, passou por dentro dele...               Atônito, o caminhoneiro a tudo assistiu e, antes de desmaiar, disse: - Santo Deus! O que é isso?
                                                         FIM 
 
                                                            De  Ivan de Oliveira Melo     
 
 
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