
CORDEL DO AMOR QUE SE FOI - TÃO PERTO, TÃO LONGE
Data 23/12/2019 23:14:09 | Tópico: Poemas
| CORDEL DO AMOR QUE SE FOI
- Segunda Parte
TÃO PERTO, TÃO LONGE
Tantas vezes eu passei Na frente da tua casa!... Meu peito aberto se abrasa N’este amor qu’eu apaguei Nas cinzas do que sonhei!... Tantas vezes... Que me arrasa Te perder quanto me dei.
Como esquecer quem ausente Mais presente ‘inda se faz? Como, enfim, estar em paz, Enquanto dentro da gente Um turbilhão inclemente Põe-me a olhar para trás Ao invés de seguir em frente?...
É triste te olhar nos olhos E n’eles me ver menor... Porém, não os ver é pior Do que os espiar por ferrolhos Ou andar como se d’antolhos Nada visse ao meu redor, Senão d’amor os restolhos...
Porque saber-te tão perto Fez más as boas lembranças, Que me trazendo esperanças, Tornou-me o caminho incerto, Sonhando embora desperto, Nas solitárias andanças Pelo meu próprio deserto.
Porque saber-te tão minha, Muito embora me deixando, Vem me assombrar vez em quando: Quando a noite se avizinha, Cogito se estás sozinha Ou mesmo se em mim pensando Meu desejo te adivinha!...
Porque saber-te tão linda A meia hora de distância Apenas m’enchera de ânsia Diante d’uma história finda... Finda, mas que mexe ainda Na minha total errância À espera de tua vinda...
Contudo, nossos caminhos Se afastavam, divergentes, Co’os deuses indiferentes A tanto afã por carinhos... Decerto foram mesquinhos Em não nos querer contentes Para deixar-nos sozinhos.
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