A morte é um lugar exacto, o choro é um lugar disperso.

Data 11/04/2008 11:41:24 | Tópico: Prosas Poéticas


Cansada de esperas inúteis reencontro a vida, sentada a um canto sacode o pó da mesa com a mão pálida. Vaguear insólito por ali e por aqui. Um sorriso triste inunda-me a face e choro com o riso quebrado no horizonte, antes que a manhã se principie apago a luz da alma para respirar o eco absurdo dos gestos amados. A vida poderia findar, se assim fosse não restariam os beijos dados à socapa nem o desejo de morrer agarrado a muito. Se a morte é a única certeza que temos porque havemos de viver?
Intoxicação?! Porque não? Respiro só mais um pouco antes de me ser diagnosticada a tristeza crónica. Distúrbios, queixumes, uma alma à tona de tudo como se a água fossem os momentos desgraçados que passamos sem nos darmos conta.
Vidas! Pessoas! Soltam-se os braços em filosofias de abraços que não se deveriam contar, solta-se o mundo ao avesso do que somos transpirando na minha pele, solta-se tudo antes que se acabe a voz dos gestos inacabados.
Tremo. Respiro devagar, pau-sa-da-men-te, reclamo, proclamo o nome do choro que sei que me acompanha e antes que a verdade me mate de uma vez por todas já nada me faz sentir viva.

Morro!


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