Desacordo Ortográfico

Data 11/04/2008 14:13:05 | Tópico: Crónicas

1945, 1973, 1990, 2008... São muitos os países que adoptaram o novo acordo ortográfico e que, provavelmente, pouco o irão usar à semelhança do que aconteceu com os três acordos anteriores - cujas datas estão em epígrafe. Estarei eu errado ou, mediante tanta discussão sobre o assunto, este acordo é puramente político? A Língua Portuguesa é apenas uma, com variantes normais, mercê da expansão que foi desenvolvida pelos Portugueses durante os descobrimentos nos quatro cantos do mundo. Mas, sendo só uma, pretende-se que também seja una, indissociável para os povos que a conservam como sua. A disparidade de conceitos aclamada por ambas as partes que discutem a sanidade deste acordo, deixa-me a pensar nos acordos de 45, 73 ou 90... para que serviram? Dizem que para aproximar os PLOP - Países de Língua Oficial Portuguesa -, mas resiste a dúvida: aproximar, como? Como se tiveram de fazer novos acordos ortográficos (matematicamente teremos o próximo em 2014)? A língua Portuguesa não se desviou assim tanto desde os anteriores acordos, aquilo que se está fazer - note-se que nada tenho contra os PLOP - é uma cedência cultural em que todos perdem um pouco da sua cultura linguística. Nunca vi, por exemplo, os Espanhóis discutirem com as nações liguisticamente congéneres sobre tal assunto e são bem mais do que nós. Por isso afirmo: Para que, culturalmente, nos possamos lembrar do passado, deixem cada um falar como lhe é ensinado a falar.
Imagine-se o que aconteceria se agora fizessem um acordo ortográfico que abrangesse as técnicas de sms dos telemóveis, sim porque até isso já destruiu parte da Língua Portuguesa e poucos se importam com tal infame acção.
Tanto quanto sei, Portugal - assim como outros - rejeitou o Esperanto como Língua Universal... porquê se agora quer, dentro dos PLOP, universalizar o Português?
Delapida-se assim este património de indubitável riqueza em prol de, politicamente, poupar tostões?
Tantas são as questões que se podem fazer sem que, alguma vez, venham a obter uma resposta relevante.
Seria interessante referendar o Acordo Ortográfico e ver quem realmente defendia os vários estilos culturais de cada país. Chegar ao Brasil e ouvir o Brasileiro a falar o seu Português, chegar a Cabo Verde e deliciarmo-nos como Português de lá e lembrar que essas Línguas irmãs nasceram dos mesmos antepassados.
Senão vejamos, eu sou filho dos meus pais - lógico - e deles herdei certas e determinadas características, meus filhos herdarão as minhas características e as de sua mãe, será, também aqui, necessário elaborar um acordo ortográfico genético para que as diferentes gerações se entwendam na sua evolução ou paramos de evoluir para não divergirmos tanto das nossas origens?

Quem tiver coragem que reflita.


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