
Iluminations
Data 20/03/2020 05:39:02 | Tópico: Poemas
| Meu nome pousa na tua boca.
Antes de ti, a platitude na geografia.
No azul das ilhas celebrei os trinta e poucos anos da alma no corpo
e dois mil séculos nas ondas astrais.
Não desperdicei encontros. A maldade é imensa. De onde veio? Como se imiscuiu no mundo?
De qual semente nasceu? Quem nos enganou?
Palavras beneficiam a primeira passagem da chuva onde há desertos? Há uma força invisível na construção do poema.
Estás em cada verso e no meu rosto pela manhã.
Tuas mãos no meu peito e na sombra do sexo ritual nos finais de domingo.
O corpo desfigura-se no olhar do outro. Há desprezo?
Neste poema, não esqueça. És eterno.
Por alguma razão és maior nos meus abraços. .
Meus dedos tocam atletas com medalhas de ouro.
Nas olimpíadas nos despimos. Invertemos sinais no exílio da ignorância.
Não aprendemos a desconstruir a sintaxe e a pontear rimas raras. Incendiamos mortalhas. ...
Não trago lembranças amargas.
Não me peças para contar o que passei.
Meus versos é a melhor herança.
Tantas foram as sobras da vida nas calçadas!
Tantos momentos apertados na tua mão e no amparo do corpo.
Agora posso iluminar caminhos.
Aprendi a ser pássaro na tempestade.
No dia em que morri havia sol. Amávamos sem a obrigação de ser felizes e proibidos de pensar em tudo.
No dia em que morri, continuavam rotinas.
A brisa soprava no cansaço do tempo.
Na solidão algo se quebrou. Meus olhos seguiram nuvens. ...
O poeta transborda amor em resposta às palavras dos homens.
Ninguém compreende a energia do afeto no espírito que se atira no passado e queima amarguras.
No crepúsculo indecifrável és consolo e martírio.
Grandes amores não morrem. O que é imenso é eterno.
Perdoei debaixo da neve que escondia feras e rostos. Não máscaras, como querias. ...
Estranhas criaturas reconheceram a túnica daqueles que tocavam o sexo de Zeus.
Quem avistou humilhados na revelação do amor?
Sonhei outros sonhos.
Fingi a realidade que sempre me negaste.
Encontrei tua alma em pedaços. Nunca ficaste em mim. Contorno a angústia da primeira noite sem luz.
As esquinas arrastaram-me para a infância.
Submeto-me à loucura. Não há oração para redimir abandonos.
Equivocados nos deslumbramos no recuo das marés.
No aconchego dos abraços encontrei a única forma de olhar para dentro.
Umbrais devolvem-me quem eu fui?
Sabes que não escrevo palavas deserdadas no vento.
À distância não tenho jeito para desatar laços.
Tu celebras temporais. Eu guardo estrelas.
Não tenhas medo. Devo amar queira ou não.
O universo está em cada ser. Reconheça-se nos outros.
O amor tem forma e volume. O vento tudo leva.
Escrevo uma possível biografia. Relato as horas de alguém numa viagem pelo mundo.
Esse é o meu dom, sabias?
Não leve-me a mal se não dou pela tua ausência.
Há tanta ternura na memória!
Nada em nós é passageiro.
Se puderes, observe delírios e a lucidez na espada de Ogum.
Tudo se resume ao amor em remissão.
As desculpas da madrugada perduram até a manhã seguinte. ...
Uma folha cai sobre ti e anuncia noites bem dormidas.
No meu destino as palavras soam além das torres nos castelos medievais.
Através delas podes saber das missões no caminho. ...
O poeta entrega-se ao que sobrou dos amores.
Abre os olhos que ficaram sete dias longe do sol.
Arrasta despojos nos quintais.
Livra-se da ação dos pensamentos gravados no chão.
A alma demora-se nas florestas e, às vezes, aventura-se no deserto.
O corpo reclama a companhia de um poeta que escreve sonetos obscenos por causa do odor das musas que roubaram seu sono.
Descobriu reflexos dos retratos?
Um ao lado do outro sufoca a solidão.
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