
SUBJETIVISMO
Data 30/03/2020 23:55:07 | Tópico: Poemas
| Sou um tanto intimista. Estudo-me conscientemente, Contudo há facetas de mim Que não compreendo, são meus mistérios. Tenho um panorama íntimo enigmático, Pois há doses de profunda timidez As quais não consigo decifrá-las. Sempre me ponho a refletir, Porém minhas reflexões nunca têm fim, Por isso, na maioria das vezes, abandono-as. Logo recomeço um novo serial de indagações Que me percorrem nas mesmas estradas, Retas e curvas. Talvez seja meio oblíqua, não sei. Meus pensamentos são átomos imperceptíveis, Configuram-se por uma linguagem esferoide Em que cada ponto tem seu começo, meio e fim. Eu entendo que sou tripartida, todavia fragmentada Pelas ilusões de uma existência introvertida, Totalmente sem qualquer analogia com pessoas afins. Não há psicologia que me decifre: minhas vontades São reflexivas, isto é, de mim para mim mesma. Nas linhas diagonais da vida não conheço as diretrizes, Porquanto há ocasiões que são perpendiculares; Noutras, paralelas. Meus ângulos parecem disformes: Há atitudes retas, agudas e obtusas, sem conceitos fixos. Em meu estuário de ideias frequentemente me perco, Porque as ondas que flutuam sobre mim não têm formas, Distorcem-se com facilidade e são frágeis... Olho os fatos da vida sob diversos matizes: O que gosto hoje, posso detestar amanhã, Portanto amor é ódio formam um paradoxo, São sentimentos que se misturam Como se fossem um só. Assim, não consigo ser feliz visto que posso estar Triste nos minutos seguintes. Sou um alguém que não nutre confiança: Se não confio nem em mim mesma, Como posso confiar em outros? Enxergo-me numa bissetriz Que parte do centro de uma circunferência Sem um destino conhecido, Decerto ainda à procura de uma identificação. Não há nada que me decifre, Não há ciência que me desvenda Neste arsenal de dúvidas que forma A complexidade de um viver social. Sou um ser insocial, mas não sou ilha, Posto que as adversidades me atraem E, ao mesmo tempo, me sufocam. Sou Terra, sou mitologia, sou lenda E, concomitantemente, sou alguém Dentro de um ninguém... Cheguei à conclusão que sou abstrata!
DE Ivan de Oliveira Melo
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