ღMortal viver, mortal morte, Covid 19✿
Data 17/04/2020 10:45:02 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| Conta-me dos mortos, que dos vivos eu já sei De enxada na mão, da alma que sofre Chuva que bate forte nos ramos da pobre videira Nas parras do nevoeiro na serra De viciosos caminhos de lama Pois as nossas almas belas assemelham-se Ao luto negro do amanhã Por entre os palcos do velho circo
Conta-me dos mortos, pois dos vivos nada sei Onde perco o trilho do nosso refúgio Papoilas que voam na tempestade sombria Deixadas no chão já secas, molhadas Molhadas de tinta do velho tinteiro Que sobrevive com pena ou dor
Conta-me dos mortos, que dos vivos pouco sei No padecer de um vírus que ataca Em cada abraço, cada beijo, cada aperto de mão Que tortura o corpo já sem falar na mente A morte espreita em cada canto do mundo Em cada esquina na escarpa que me fere os pés
Conta-me dos mortos que dos vivos pouco me lembro Nesta aflição que enregela o meu canto ou o meu trabalho Deste vírus mortal que ataca toda a humanidade
Conta-me dos vivos, que dos mortos esses não ficarão esquecidos Na saudade que já deixam de tantas lágrimas perdidas De um adeus feito a distância que sufoca a alma Pois a esperança nasce todos os dias e a fé a todas as horas
Carpe diem
Os caminhos são feitos de pedra Mas Deus nos ampara mesmo descalços
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Isabel Morais Ribeiro Fonseca
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