Anos de areia

Data 21/04/2020 17:02:49 | Tópico: Poemas -> Religião

Quando as horas passam frias
Na noite eterna do deserto
Com o anjo da morte, à espreita, perto;
Comigo apenas a oração, o jejum e o terror;
Meu corpo todo treme em agonia.
Por 40 dias e 40 noites
O demônio e seu azorrague para o açoite;
Mas eu nunca temi a dor.

O sol da incerteza que me abrasa
E o vento que soergue a poeira
E me cega; meu corpo coberto de areia
Arde nas feridas e sangue de meu dorso;
Mas eu nunca temi a chaga.
Por 40 noites e 40 dias
O demônio com seu azorrague me cingia;
Mas eu permaneci introrso.

Purificai, sal da imortalidade,
O espírito impuro com o Espírito;
Com o Amor, o meu pobre coração aflito;
E dai aos meus lábios a graça dum fulgor,
Para que saibam d'A Eternidade!
Por 40 dias e 40 noites
O demônio e seu azorrague para o açoite;
Mas eu conheci O Amor.


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