Dona Esperança

Data 26/04/2020 16:03:10 | Tópico: Poemas

Num acesso de loucura
Eu saí, fui à procura
Da senhora dona esperança
Não usei nenhum critério
Fui parar ao cemitério
Vi a morte a fazer troça.

Ao voltar e noutra rua
Vi a esperança toda nua
Até fiquei com vergonha
É o que faz ser exaltada
Até ficar tão destapada
Pelos gritos de quem sonha

No meio da juventude
Vi a esperança com saúde
E fiquei mais animado
Nos seus primeiros passos
Tinha um desgosto nos braços
E o nariz todo esfolado.

Vi a esperança enamorada
Mas pela pessoa errada
Não lhe dei nenhum conselho
Ou o coração se esquece
Do que a razão conhece
Ou eu estou a ficar velho.

Já vi a esperança doente
E a justiça descontente
Por alguém morrer tão cedo
Tanto pão que não se come
Tanta gente a passar fome
E o pobre cheio de medo

A esperança fez-se á vida
Pela desgraça ficou ferida
Não foi bonito de se ver
Numa luta com a morte
Foi jogada à sua sorte
Mas foi a última a morrer.


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