
ANTIDIÁRIOS DE ABRIL
Data 29/04/2020 10:05:39 | Tópico: Poemas
| Ouço este auxílio luxuoso de um vendaval cítrico de inverno, no frescor do outono lento que corre por entre as vértebras, feito se a medula óssea fosse cortada sob a lâmina da gilete. O chope repousa no mármore nublado que o raio atravessa na vitrine da tulipa e na vertigem de uma nova luz amarela.
Sou da repetição que ambiciona revelar um algo ou um nada sobre a linha ultratênue da teimosia. Da falta do que se deve. Vejo aqui e ali. Dou a volta na sala. Ando quase desanimado, pois não desatei o nó do vírus e tenho somente um astrolábio cego da carpintaria da constelação que orna esta noite ácida.
— Há labaredas vermelhas no céu e um fogo azul na palavra.
Marlos Degani
|
|