"Eu Preciso Doutro Designer Veit"

Data 22/05/2020 01:12:18 | Tópico: Poemas

Chegaste em Agosto, flor de Janeiro, o grande fadista dedicado a Janus, numa manhã quente em que o hálito fresco e suave do flúor inundava o ar de minha alma cansada de negrumes a crescer. Encontraste-me naquele que viria a ser conhecido pelo sítio onde todos os deuses fizeram amor enquanto subia do mar à fonte sem questionar o pulsar forte do órgão muscular abstraído do drama dos espaços fechados por uma razão, de novo criança a bombear fortemente o vinho com as vistas de novo brilhantes pousadas na beleza mágica dos teus meigos azuis claros sublimados pela cor mel do teu cabelo agradavelmente aromatizado, tão perfumado quanto os contornos de um vasto pulso livre e franco procurando a abertura do caminho de Santiago filho de Zebedeu para o Jardim das Oliveiras para nunca mais te deixar fugir e finalmente ser novamente contemplado com toda a tua ternura de menina. Menina, assim apareceste como plena música num áureo esmero meu amor amor de sempre, eu diria a sonhar, ansiosa para ser mimada amada acarinhada, agraciada com as mais belas melodias, protegida. Flor querida, manhã já vestida e sensível como que a desabrochar, do coração ao céu, que ofereceu instantaneamente a luz ao sol numa cereja quando balançamos suavemente como a brisa sedosa e adocicada da primavera. E eu, eu de pé ao teu lado como se não conhecesse as nuvens dos aros dos velhos relógios que muitas flores guardam no bolso para quando adormecerem, avido dessa doçura pela vitalidade de um brinco-de-princesa exaltando o que há de mais belo dei-me prontamente nas tulipas que trocamos sob o olhar do dia como se os dias fossem para longe, para muito longe, para tão longe quanto o amor meu amor, das acácias, rosas, de todos os frutos vermelhos e camélias de coração grande como a música para nunca mais os livros contemplar os nossos rostos com tristes fitas e o espaço intimo ser definitivamente privilegiado com o melhor das árvores pela transparência e dedicação dos cúmplices, tão serenos, cuidando dos pés dia a dia hora a hora mão a mão com a luz suprema das sementes, dos astros confidenciando o tesouro desse teu olhar paradisíaco que só uma flor bonita como tu liberta trezentos e sessenta e cinco dias por ano todo o ano a todo o mundo cru, distópico obstinado, malogrado em vias de ser curado, manifestamente pelo amor.


Alberto Moreira Ferreira


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