Os dias trazem “nadas”

Data 23/05/2020 12:23:04 | Tópico: Poemas


A Procela do mar é bater-se bem devagar em meu peito,
Machucando-me nos arrecifes de coral;
Rasgando-me involuntariamente nas ondas delicadas,
Fazendo-nos mal.
Trazendo o teu sangue às narinas;
Como a tristeza perfuma a dor do profundo,
Morde o céu com a agonia, branca e intacta de paz,
Uma bruma desvelando a loucura da melodia,
Ouço o grito da sombra ao meio dia que permeia a tua alma,
dossel que nos aquietará,
levantando voo sobre as praias raiadas de pedras,
onde teus pés levarão para longe o meu riso...


Não queres tu um rancor, nem eu quero nada,
Deusa, minha amada,
Do alto da cantiga avisto uma nesga de vida,
Vejo-te, em dupla agonia,
Ama-me como ama as flores que te enaltecem em florada,
E encantam seus olhos estrelando o nascer do outono,
No limbo espumático da redenção da aurora,
o precioso lençol estendido,
é arrumado na cama
pela noite que há de ter-nos vencido,

Golpes de pontas afiadas de estrelas
penetram a minha carne, asserenando minha pulsação
Teu brilho me fere,
Mastiga-me a utopia sinistra da brevidade;
Costura-me às costas para que não veja o cicatrizar
da ferida de minhas asas arrancadas...

As horas passam e os dias trazem “nadas”,
Horrendas caricaturas que deveriam ser cômicas,
São pasteurizadas à luz da incompreensão como máscaras!
De seu beijo eu a guardo;
O regato de ti apetece essa recordação doce,
- Os olhos tristes nadando em lágrimas-
Já não nos disseram tudo?
Que há para provar, se nada nos amarra?
Temos o amor e sua boca arrodilhada me consome,
Lembro-me de confissões ditas em teu nome,
Se queres o amor,
Hei de amá-la,
E mesmo triste quando partires,
Sofrerei a dor do seu olhar antagônico,
Uma última olhada, um breve piscar ,
A dizer que sempre vou te amar,
Mesmo no regalo dosador e sintomático de meus sonhos.






Aqueles que não são comuns estão sempre numa viagem de ego. Buscam riquezas, poder ou posição. Mas um agricultor, um pescador ou um lenhador, são pessoas insignificantes, absolutamente comuns, que não buscam aquisições e, por isso, são atraídas por um Buda ou um Jesus.



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