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 magazin de velharias em que entro só para me rirData 05/06/2020 06:19:36 | Tópico: Poemas
 
 |  | Diz-me onde encontro a minha alma, o onde
 é a minha procura,
 e
 em cada minha
 nenhuma é
 pura.
 
 Nada tenho,
 tudo se me solta,
 
 como posso alma ter?
 
 Mas o que se procura da alma, dessa,
 não é o lugar,
 não é a sua maneira,
 não é a cor,
 
 não é o número de vezes que pensei nela.
 
 Tão só se
 em mim existe
 ou, sequer, se há.
 
 Tudo,
 contudo,
 tão
 vão.
 
 Dizes-me que é eterna,
 dum breu imaculado,
 
 digo
 ser só do pensar com que penso,
 que morrerá
 comigo.
 
 E ao pensar cogito:
 se é ter alma ver o bonito,
 se é ter algo em que acredito,
 se tudo isto não será meu, impressão, mito.
 
 São belas as cores primaveras,
 horrores os frios invernos,
 
 estará a alma então
 no que sinto
 no verão?
 
 a alma de sentir
 o frio da indiferença,
 o calor do amor,
 o áspero no suave da paixão ao ódio.
 
 o sabor a sal, do cloreto de sódio,
 estará na alma do sentimento?
 no arrepio do vento?
 
 Estará a alma em algo disto,
 nesta rima calma com que me am'algo e conquisto?
 
 Sim, Claro que não!
 toda a alma é um clarão
 de credo.
 
 Convenço-me
 que, no interstício celular,
 no RNA mensageiro,
 no ciclo de Krebs, na mitose
 há uma dose de poesia,
 de razão benta
 presa, aos fevereiros dos anos bissextos...
 
 coisas seculares
 sem espíritos,
 sem deus,
 sem deuses, nem Hades.
 
 Diz-me
 onde encontro a minha alma,
 não a perdi,
 estará por aqui?
 Nota: abriu na minha rua recentemente uma loja de artigos usados e antiguidades que me tem levado aos tempos de infância, rio-me só de ver a montra.
 Magazin descobri recentemente que é Loja em romeno.
 
 Coisas da alma
 
 
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