Texto nº 500 "...seja qual for "

Data 15/04/2008 10:26:35 | Tópico: Poemas -> Dedicatória

Movo-me devagar
no silêncio do teu peito
salina densa de um tempo antigo
Anfibologia
Ductilidade orgânica
Versículo tenor
D’argila

Porto
Postigo
Portada
Portela de que t’abrigo
Em queda livre
d’água.
Vela
Barco
Vitral d’orquídea
aquela em que navegas o polvilho d’estrelas
purpurinas rubras na noite amplíssima
pigmento espesso
que te morde te suga que te consome
Fímbria
Tenra
Terna
a pele pedra primeira
génese do mundo
eternamente compassiva
ao compasso
que indiferente
passa e te não vê
para além do rosto
esfinge péptica e fria à tua porta
Quando
marioneta
boneca de trapos
bailarina em pontas
sevilhana em saltos quadrados
andarilha
borboleta errática
saltimbanca ou tão só Histrião …
te dilatas imensa em poros de sofreguidão …
ausente.

Seja qual for a instância
a razão maior
que te levou ao calor túmido da palma de minha mão
sem perguntas
sem reservas
sem mais querer que não ser de ti, cajado,
de ti amparo,
agasalho d’alma ferida
te tomo, te faço minha, e sou poema e tu poesia em minha vida.

_
Ao atingir aqui no Luso 500 poemas, decidi oferecer este texto a todos os que, generosamente, me têm acompanhado. A poesia é, hoje em dia, uma pedra basilar em minha vida.
A todos o meu agradecimento maior.
Bem-hajam.
Mel




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