Desejos de Papel

Data 15/04/2008 14:24:34 | Tópico: Poemas

Sobrevivo no sonho de quem amou,
A contar as horas teimosas,
Os dias de inferno, tormentos,
Diluídos numa enfadonha conquista
Na conspiração do tempo que passou.
Brejeiros Jasmins e belas Rosas
Que enfeitam tantos momentos
Qual laboratório de alquimista.

A poesia são desejos de papel
Contornos de vida que respiro,
Confidências distorcidas no tempo.
São as cordas afinadas da guitarra,
Pão com queijo e mel,
Paraísos secretos, um retiro.
Palavras que fazem o meu sustento
O canto bucólico da cigarra.

Prendo no olhar o teu contorno,
Acaricio o teu pensamento,
As mãos que me descrevem
Em intermináveis páginas soltas.
És essência nesta vida, adorno,
A folha da árvore e seu vento.
Actos que não se medem,
Motivo das minhas revoltas.

Versos contaminados por paixão
Por lágrimas da dor que não se sente.
O Sol que se põe, a Lua que se deita,
O sangue que me corre nas veias...
Vida levada num turbilhão,
Que passa e acaba num repente,
Não se ama, não se respeita.
Vida feita de teias.

Levo comigo o teu beijo,
Parto, na cobardia de voltar.
Não serás minha por um dia,
De ninguém, mas nunca minha.
Renego a tua pureza e desejo,
Devolvo tudo o que te pedia,
Tudo o que de ti tinha.


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