Patchwork…
Data 24/06/2020 11:20:55 | Tópico: Poemas
| Neo-Expressionism in Iranian Contemporary Art
Nunca senti tanta e tamanha antipatia Pelo papel canelado e pelo patchwork Consistente do plano, conservador Este que transforma o bílis da vesícula
Em acto sentimental aos piedosos atrevidos, Inspectores da mente pra quem tudo é quebrado, Antigo, descrente descontinuado, carente sexual Ou até mesmo dissidente quanto um sarcófago.
Se na vida pudesse crer-me existente e real, Duvidaria que no mundo existisse vida assim, Pois tive agora mesmo, De rompante a sensação que não há lá fora nada,
Nada existe fora de mim que valha a pena ser vivido, Por isso vivo por dentro o que posso viver sem mesmo, Como se fosse eu o único ser vivo desse mundo sem vida, Sem gente, que nem sei se existe ao certo,
Nem dentro de mim de peito aberto cabe, Não creio nem é do meu credo, odeio Acreditar pleno em nada, nem haver no mundo Uma Paisagem tão árida, tão em ferida funda e frouxa,
Tão temida pelo vento, tão gélida e negra, Quanto esta minha antipatia Plana, mecânica quanto o papelão canelado, Inexistente sem Patchwork.
Jorge Santos 01/2020
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