... quando (ii)

Data 16/04/2008 08:12:03 | Tópico: Poemas -> Amor

quando
os meus olhos nos teus olhos
moldados
trocarem mudos afagos
mimos anunciados
desmedidos
os teus olhos nos meus olhos
compassarem
ansiosos
ousados
a distância dos segundos
ao momento exacto, síncrono toque,
as tuas mãos nas minhas ancas
desenharem velas pandas
velejarem constelações de estrelas
os meus cabelos brancos
vestirem-nos a nudez
da pele
na pele da alma
e as minhas mãos nas tuas costas
abrirem inclusas
uma a uma de todas as ancestrais comportas
uma e outra e outra vez
e as raízes que de ti brotam
forem em meu corpo
seiva quente de videira
e eu o vinho
cálice, Graal, de uma vida inteira…
oníricos,
submissos a nós
à supremacia unicelular dos sentidos
nos fundirmos vivos
sem palavras
água
terra
mar
em nós maiores
de pernas
de braços
e de olhares tranquilos e profundos
de líricas
de liras
de cítaras e d’harpas
saberemos
a certeza
de que somos
a terra
a semente
e o pão da vida deposto sobre a mesa.


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