Com

Data 04/07/2020 20:47:56 | Tópico: Poemas

Convivo bem
com a minha sombra,
esse meu lado claro.

Sou boa companhia
desse flanco pálido e leve,
tão frio e suave como a neve
fria.

Não careço do outro para saber que presto,
não imito nem sou a cópia de qualquer gesto

Acho-me uma certa graça,
rio da minha cara feia
quando, triste, ela passa,
quando, ridícula, passeia.

Incerto dia, esse corte de luz
contou-me uma história sombria
e eu chorei e gritei quando supús
que cantava e que era uma poesia.

Vivo bem com espelhos,
com auto-retratos,
com a tromba dos lagos parados, e nas poças mínimas...

Falo sozinho.


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=351457