Rastros de cinza

Data 16/04/2008 20:08:14 | Tópico: Crónicas

Nos separamos a cada dia... cada hora estamos mais distantes um do outro. Esta distância gerando esquecimento e indiferença. Quem somos, o que fomos que assim passamos como espuma, nada deixando senão um rastro de cinza e sombras. Conscientes que nada é invulnerável à fúria do tempo .Existem sentimentos que não se esgotem, não se ultrajem ? Qual inelutável propósito nos fez procurar imortalidade no amor ? Uma extraordinária e passageira ilusão dos sentidos a galopar em nossos peitos ? Aonde levará este olhar desviado para tão longe de nós, onde não encontraremos nem presente nem futuro, onde não haverá um só vislumbre do que fomos, nem projeção dos nossos gestos, nenhum eco de nossas vozes de ontem atingirá nossos ouvidos hoje. O longe é a imagem da nossa aceitação, do nosso cansaço. Onde se refugiarão com certeza nossas almas desfiguradas pelo tempo e morreremos da crueldade ignorada dos que nos cercam, no laço umbilical de nossa essência enroscado em nossos pescoços .
Carlos Said



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=35179