
A mulher que fugiu de Sodoma
Data 21/07/2020 17:45:16 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| A única coisa que conseguiu ver foi uma silhueta Que esgueirava pelas colinas E tentava furtivamente se esconder da luz do sol Escaldante e impiedoso que ofuscava sua visão. Um pesadelo terrível perpassava sua mente Causando pavor e angústia como nunca havia sentido E nem imaginado sentir na sua longa vida De luxo naquela cidade extravagante. Agora podia avistar ao longe apenas uma bola de fumaça Que erguia-se ao céu como um cogumelo gigante E que não podia obstruir o pavor que causava aos olhos Que outrora havia contemplado as belezas da campina verdejantes. Lágrimas de desespero corriam em sua face Agora tão ruborizada como um coração rasgado E os pesadelos de noites intermináveis teimavam em corroer-lhe A alma já fatigada pelo desespero de uma vida sem sentido. A ordem explícita de não olhar para trás Ainda ecoavam em seus ouvidos E era combatida pelo desejo de ver seus bens adquiridos Ao longo dos anos em que ali estivera a batalhar. Nada parece fazer mais sentido nesta vida miserável Porque uma fúria silenciosa tomava conta de seu coração Tudo que lutou para juntar agora viraria poeira e cinza E que coisa tão injusta isso poderia ser. Na sua angústia durante a fuga vertiginosa Não pode conter o desejo que a envolvia O que de pior poderia lhe acontecer ainda? E, ao olhar para a cidade em chamas, Tornou-se uma estátua de sal castigada pelo vento.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense www.odairpoetacacerense.blogspot.com
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