
LÍRIO PERFUMADO
Data 25/07/2020 21:27:04 | Tópico: Poemas
| Vejo-me morto. Arrepios alucinantes me devoram. Através duma tela côncava, Sinto-me convexo em relação ao mundo.
Gritos espavoridos soam no éter. Sinistras gargalhadas inundam o espaço E eu numa horizontal mefítica A esperar a inorgânica putrefação da carne.
Medonho palor inebria meus órgãos. Percebo inúmeros batalhões de bactérias A lambuzar-me a alma sedenta de vida, Porém a morte erradicou-me a sobrevivência.
Vermes hediondos sugam-me, impiedosos. A essas horas, meu corpo explode, Implodindo a campa macabra que me cobre... Estou, então, à mercê do céu aberto e límpido E, os abutres, esvoaçantes, surgem na atmosfera, Contemplando o que me resta de ideal alimento...
Brigam entre si, circundam-me as vísceras e, Delas, para espanto seus, estranho olfato se faz no ar... É um lírio perfumado que se exterioriza do coração... Afinal, não pereci... Apenas sonhava pesadelos!
DE Ivan de Oliveira Melo
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