NONAGENÁRIO

Data 23/08/2020 21:43:30 | Tópico: Sonetos

NONAGENÁRIO

Espero morrer quando já for tarde
E a angústia de viver ter me deixado.
Sem futuro, presente nem passado,
Existir sem fazer qualquer alarde.

Dos moços e da fúria que lhes arde
Sorrir condescendente e aparvalhado,
Como apenas um velho desbocado,
De quem ninguém enfim mais nada aguarde.

Feliz tão-só em ver a luz do dia
Encontre entre a loucura e a fantasia
Um verso que sequer possa escrever.

E diante do espetáculo da vida
Entenda a vanidade já vivida
N'uma autoaceitação só de prazer.

Betim - 23 08 2020.






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