Renascimento
Data 24/08/2020 11:47:37 | Tópico: Poemas
| As madrugadas são recomeços. E continuação. Banho de luz e cor. Cheiro e sabor. Pele e alma prontas. Despertas. Estradas abertas. São as crianças semeando. Sinais de esperança. E jovens prenhes de desejos. Um crescendo. Um vulcão. Corpos nus entregues à real paixão. Mulheres parideiras dos cinco sentidos. Na noite adormecidos. Nas almofadas e lençóis alvos. No cansaço de dias negros. No rescaldo de tantas lutas. Nas lágrimas isentas de culpas. Tristes desculpas. Gritando razões ocultas. Reclamando vidas mais justas. Menos dor. Mais amor. E o velho olhando o tempo. Perseguindo-o. Renascendo-o. Novo alento nas horas. O galo cantando no morro. E o vento soprando no prado. E o rio correndo veloz para o mar que o acolhe em braços. Repetidos abraços. Deuses e religião. Natureza. Os elementos na sua certeza. Comunhão. As madrugadas são chuva de estrelas em festa. E o nosso sol chegando. E a lua dizendo até já. É andorinha voando, melro e gaio. É um aval, uma certificação. E pétala de frangipani. Rosa se orvalhando, flor de maracujá. Uma nota musical transformada em canção. Milagre. Fé e sonho. Verbo amar. As madrugadas somos nós, tu eu e aquele outro que desperta na noite que cai. Contemplando o intervalo entre o que virá e o que se vai. E porque são momentos, são recomeços, todos os dias deviam ser madrugadas.
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