desflorada

Data 17/04/2008 16:20:05 | Tópico: Poemas -> Sociais

escorria-lhe a alma
em mênstruo quente
pernas
abertas
pulsos cerrados
relógios parados
dum mundo vago sempre a girar

sem um afago
olhar vazio
sem um só beijo
sem um só mimo
sem saber de si do seu desejo
fê-la mulher
ali

urgente

o chão gelado
abrasou-lhe ancas
na novidade de alfim morrer

embalou a vida
em flores de papel
empalhou o corpo mumificada

mendiga de si
pariu caminho e fez-se à estrada.

(Lisboa, 2001)


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