PERNOITE

Data 08/10/2020 22:47:42 | Tópico: Sonetos

PERNOITE

Pelo escuro buscava o olhar desperto 
Rever vultos d'aquela que, amante, 
Tive nos braços ontem palpitante
E agora, mesmo longe, sinto perto!

O quarto, todavia, está deserto.
Ela? N'um outro quarto bem distante...
E eu? Nos olhos mantenho seu semblante,
Deixando-me corpo e alma em desacerto.

À vida solitária e vária abdico, 
Como alguém que se faz muito mais rico, 
Quando se despe do ouro que lhe pesa. 

Na noite o coração buscava àquela, 
Como alguém que se fez muito mais bela 
E, em amor, anda livre estando presa. 

Santa Bárbara - 24 08 1996 


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=353360