João do barro de Deus
Data 19/10/2020 17:24:52 | Tópico: Poemas
| De pés descalços sobre pregos afiar o martelo Com calos no pensamento construo a oração A obra não deve parar, pro bem de cessar o cego O templo é Deus, meu pai; também de meu irmão A caminhada é a vida toda. Depois, continua Tijolo por tijolo, o muro na rocha vou erguê-lo Pra deixar lá fora o mal que barganha meu coração E aqui dentro proteger minha riqueza nua
O arquiteto me orienta nas medidas exatas Ele é sábio e sabe do meu quase não saber Ele é bom e bem sabe do meu terrestre viver Ele é justo e junta as ações com minhas palavras Sou apenas um pedreiro, matuto feito o valente João Que pega no barro a inspiração de seus castelos Eu, como ave, utilizo dos elementos da Natureza, tão belos O sopro do ar, a água da vida, o fogo ardente e a terra do chão
Meu castelo é minha fortaleza, meu próprio encanto Sou pedra que nasce santa, que a razão desconhece Peco tanto que blasfemo por quem a emoção se esquece Desde a luz, ilumino no coração com minha fé No meu corpo sinto átomos em cada canto Desde a aurora, lá fora, aqui dentro, até o manto Mola propulsora no caminho por onde ando. Então, Pra ver a verdade, sozinho ando com meus próprios pés
Sou pedreiro, construtor, eterno aprendiz Mestre de obras ensinado pela retidão Todo dia busco com honra meu próprio pão Se me pedires um pedaço, tens o mais saboroso Se o pedaço for um conselho, dou o mais honroso Laboro incessante com alegria, calos no pensamento Seja a estação, frio ou calor, vivo intenso o momento Só tenho brio em dizer à vaidade: - não fui eu quem fiz
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