
NADA É ACASO
Data 28/10/2020 16:51:31 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| NADA É ACASO
Somos figuras fictícias Entrando em cenários imaginários. Nunca aqui houve verdadeiramente Algo de ponderado Algo de palpável, que dissesse “Eu”, “Tu”: carne, sangue e nervos; Apenas o gume de uma faca Mal manejada e sem corte rectilíneo. Somos mentira, com conhecimento De causa, embora uma força, maior De que a nossa, pareça querer dar algum sentido à vida E à morte – ambas são dissociáveis: Somos, no nosso íntimo, forças bloqueadoras! Desde as primícias, que a igualdade De género é posta (propositadamente) em causa – “E rastejarás como uma cobra e sofrerás As dores do parto….” Por muito que custe ler MULHER É pouco mais que nada, força geradora De vontades machistas, não importando Se esta está na disposição de ir para a cama Para ter e fazer sexo – Como numa ilusão erótica de um poema Carente –, ou, se pelo contrário, ele Pensou nela, não como coisa de usar e virar Para o outro lado da cama, findo o acto, mas se a respiração, de ambos se tocando, Possa vir a chamar-se de “Amor”, Infalível ao toque, sereno e apaziguador? Somos como que uma corda de músculos, Estendendo e distendendo, Consoante o movimento mais ou menos rápido, Dependendo do uso da força que se use. E caminhamos como que nas mãos de um “estranho”, Que encontramos na estrada Por um mero acaso, de quem não tem nada de mais Importante para fazer, numa tarde Que se pôs chuvosa.
Jorge Humberto Santa-Iria-da-Azóia
“Por decisão do autor, o texto está escrito de acordo com a antiga ortografia”.
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