
O teu lugar
Data 25/11/2020 19:25:21 | Tópico: Poemas
| O que é um poema que eu escreva Senão uma imagem desfocada, um desenho desigual Daquilo que os olhos vêm e constroem Na aparência leve e bela de tudo o que há no mundo Essa coisa que não sinto mas escrevo como real. Debito enganos no horizonte Falsas cores, falsos jardins, falsos valores Processo cheiros e sons Alterados por falsas sensações.
Há um sonho que me leva mais além Até outras realidades São vontades e gritos e êxtases É uma noite de verão São heróis e vilões São escravos das luzes, nas ruas de Cincinnati Que embalam a cidade Nas cordas do violão.
Encho de novo o copo e volto a ti Memórias de quem partiu E não lembro ver partir Distraído na vertigem, minha viagem E agora, este vazio.
O nada como princípio já me conforta Vale-me a graça de olhar o sol no céu e cerrar os olhos De sentir calor na pele e envelhecer sem rugas E enganar-me a vida inteira Resumindo-a a um momento Que persiste, que se afirma e não passa.
O que é um poema que eu escreva Senão um desenho desigual daquilo que os olhos vêm Uma imagem desfocada de coisas leves e belas Mas que destrói e mata sem que se veja
Não há vida que me alegre Nem morte que me entristeça Não tenho como certo o corpo que me pesa Nem alma que o eleve e que o preencha.
Fico quieto, parado sobre as pernas Só por ficar Como andarilho que ninguém quer Refúgio de indiferença. Eureka! A receita da felicidade Mas sem forma onde enformar o velho sonho De forma a formatar velhos sentidos E encontrar novos caminhos Que me levem ao teu lugar.
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