Minh’alma é uma floresta
Data 16/01/2021 22:23:01 | Tópico: Poemas
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Minh’alma é uma floresta escura, avara, negra, Onde gosto de caminhar sozinho, um achar, Por veredas, nunca caminhos, por outros Usados, de preferência à luz de velas,
Figuram afastamento, não só Do lugar, mas de algo mais fundo, audaz Que a posse, a oposição dos dedos Ou o sítio pra onde vou, me separa
Dos lobos, os alinhamentos de Estrelas são como prefácios extensos Fixos, a minha visão, prévias telas E os espaços centos, seja do que for,
Sinto qualquer coisa cavada, um Desatino que não é meu e no entanto Sou eu isso tudo que liga o céu levantado Ao mundo, sou os que aqui estão,
Os que erguem a mão ao infinito E o sentem da copa da floresta, a direito O “que-se-deixa-ver” versus a ideia Que Dele se tem, o meu ser são
Apenas ramos, braços donde a natureza Fala, falha-me a noção de imenso, Falta-me a metamorfose adiada, O formar parte do vazio, “performer”
Do nada, a consciência do cosmos, a folha Em branco e o “dente de leão”, o voo Do dragão que nos há de levar a Nimas, Titan e além do incompreensível
Vão da porta, baloiçando sonhos velhos, Velhos, velha a luz das estrelas e no céu Veredas, trilhos, caminhos, sendas, gesta É arvoredo, matéria análoga, consciente
Minh’alma eu, floresta de corpo e mente, Agora é sempre, sempre é agora … e o Eterno compósito que da nossa alma vem, Detém, contém, dita e mora.
Jorge Santos (16 Janeiro 2021)
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