O lugar que não se vê ...
Data 19/01/2021 19:51:05 | Tópico: Poemas
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O luar que não se vê, Ora m’afaga ora m’ lembra Do Sol a sombra, tom De cinza negra, morto Na senda da deusa desnuda,
O lado que se prevê, o assombro, É como um íman, o imo, o hino a "Lugh", No íntimo fundo de uma longa, Imensa cripta, o céu uma escada Sem fim, rolante, magenta e caliça rosa,
E o tutano mármore, rio mudo Surdo e frio, cobre o pulsar Do espaço como leite, veneno Da deusa Terra, melaço De lua laça enlaça, prende
Por vontade, anula, encanta Fragmenta, escuto-a, -Ciente ilusão de morte, Que não assusta nem se Rejeita, falsa é a sorte, a fé, a fama,
E o destino uma clareira, um forte Em ruínas, um sepulcro chão E um guardião coberto a receio E a negro, me vela, falso Pã, Dissimulado, oculto na lama,
Não vá despertar eu da morte Em qual noite exótica, estranho Abrir de portas, o sair do espelho E voltar prefeito do profano, do luto, Do lugar que não se vê, inumano,
Gerado mudo, sem narrador Nem conto. Este o mundo do fim De tudo, tenebroso pálido e feio, uso O manto régio doutro Rei, deposto Senhor de tudo, morto, esquecido
Vencido e arrastado por léguas de rojo, Do altar nas cruzes, até à penumbra Cinza negra, cujos subúrbios habito, Não abdico da realeza dos mortos, do hálito, Nem da anatómica máscara, que deles uso,
O lugar que se pressente …
Joel Matos ( 19 Janeiro 2021)
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