Tiras-me as palavras da boca ...
Data 24/01/2021 00:17:53 | Tópico: Poemas
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Tiras-me palavras da boca Com alfinetes de dama, agulhas finas, Tenho a maldita certeza e é Como se estivesse vendo, sair Uma a uma, sinuosas lentas, dançam
Numa espécie de bailado cósmico, dóceis No movimento, confortam-me, deslocam- -se, vejo-as cruzar a alma, adiante do Meu fôlego, nas coisas que digo, faço, Falam por mim e de mim falam, clamam
Eloquentes, nem necessidade De existência viva, sonhos são E sempre, passagem para outras Vidas existentes, inexplicáveis Pra gente,- arquitetos com corpo-,
Se eu pudesse explicar o que vejo, Saindo da minha boca, talvez fosse Como ouvires música vinda de outras Dimensões e a mesma emoção bem-vinda, Sensação de Terra, externa ao ouvido,
Tiras-me palavras da boca, sonhos Inesperados na primeira fila, fábulas Depois absurdas falas, ilícitas, caídas no chão, No fim retiras visíveis imagens, Que me convenci saírem de mim,
Mas não, sou eu de mim partindo Trespassado a alfinetes, toda a voz tem Um fio, o fim é quem me ouve claro, Exterior ao ouvido, uma a uma As palavras que retiro da boca, sonhos
Enfim ausentes do corpo físico, Outros mundos a roçar por mim e eu todo, Espécie alguma viva tem destes sonhos Em que nada pesa, tudo balança Sinuoso e lento, alheias e nem tanto,
Tiras-me da boca as palavras, nem todas, A impureza é uma casta e o meu solo Fértil, na boca faço asilo, das palavras Mais fétidas às que desobedecem e têm Severo castigo fora deste covil de asceta …
Joel Matos ( 23 Janeiro 2021)
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