A tenaz negação do eu,
Data 25/01/2021 18:12:24 | Tópico: Poemas
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A tenaz negação do eu,
Ideias ou acaso, avulso e acidentais Como um vaso cheio meio de barro, Que se vaza, sem forma pensada, insurreição Ou o avesso, a ideia elevada de verdade
Sem que se altere a série de curtas noções, E o que está dentro, génio, intuição Ou simples tensão de conteúdo, colorida De forças apostas, alívio das margens
Num vitral ou antagonismo apoiado Em máculas, aos poiais da opinião Dos outros, espécie de iluminura derrotada, De asas podadas e da espessura do magma,
A tenaz negação do eu, alienada Fruta que não matura, cai protagonizando O invés ou apodrece na serenidade Da árvore, o ácido e a acidez do vómito,
E ao mesmo tempo, num mesmo placebo, Os vícios inaturais da pera, dura e impulsiva A “ilucidez” da conversa comigo mesmo, O futuro torturando o presente,
Tão falso é, o suposto ser “a sério”, De verdade, pobre infeliz sou eu, Que me surpreendo a ocupar espaço, A concorrer com a existência livre,
Se me sinto, nulo, estéril, plano Como atmosfera, liso e sem personalidade, Incerto de tudo, da fórmula orgânica, Para me transpor do interior das córneas,
Com a força íntima da garganta, acidental O incesto com o absurdo, eu próprio Bastardo do negado indulto, obrigando-me A ler nos próprios lábios, ideias ao acaso
E avulso, a auto negação do eu …
Joel Matos ( 25 Janeiro 2021)
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