Permaneço mudo
Data 01/02/2021 19:08:18 | Tópico: Poemas
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Permaneço mudo, sereno e distante dum muro de Medos, o ouvido tísico, meus olhos cegos E o espírito chão, o Cã da idade das Trevas, Pedra já velha, gasta, procuro auxílio, remédio,
Conforto, sinto minhas, as lágrimas da esfinge Disfarçam a saudade das madrugadas, intactas As manhãs, ao beijar na terra, a luz não Da lua, das damas da noite, magras, emboscadas
Ou dos fantasmas da morte, silvando vagas, Longas pegadas preces, velozes corcéis, Vozes de ascetas magos, cavaleiros do Apocalipse, é o fim do sempre, inquietante,
E eu permaneço mudo no pó, no caminho, Como se obtivesse do céu a réplica de um hino, Ao meu instinto, à minha imperfeição de ver, Ouvir, pensar certo, nobre abdico do meu valor,
Renuncio de mim próprio, a vida não me convém, Não contenho nas lágrimas o sal, os mares de veludo, Nem a casta, que eu desejaria chorar, por esta Imensa erma, extinta Terra, gasta rocha, penedos
Negros, negros cabelos, a Berenice dada aos Deuses, sugerindo no ocaso, o fogo dos Gregos, S. Telmo e a carícia das paisagens ardendo, Longínquas, trémulas damas, belas e brancas,
Cal, de animal vestidas, cornos chifres, dançam, Devolvem ao campo o sémen, o corpo, como pedindo Expiação para o luto, perdão para tudo isto, O ouvido tísico, os olhos cegos e o espírito mouco.
Joel Matos ( 01 Fevereiro 2021)
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