Deixai-vos descer à vala,
Data 03/02/2021 20:40:30 | Tópico: Poemas
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Deixai-vos descer à vala,
Deixem descer à vala, O corpo que vos deram, Deixai-vos cair, como as coisas Que se partem, reles, usuais
E os argumentos enterram-se, Deixai-vos senhorios, morrer na terra, Como é natural, numa concha Onde a areia se infiltra, na campa
Se entranha, velada estranha, Igual toda a espécie humana, Deixem-se descer comuns à vala, Ridículos, mesquinhos, profanos,
Infra-humanos sem futuro, Falsos Profetas, obscuros e ciganos, Réus d’sua própria fama, Como manda lei, norma,
Nada é vosso, nem o corpo, Mas tem de haver alma, O corpo é uma montra, Fixo-me a ver se a vejo,
Fico-me por tudo isso, cinza O que não tenho, o que era físico Grotesco mundano, insignificante Cor de sangue, excepto
O que não vos deram, Revela o absurdo e o que não se explica, E uma maneira especial, invertida de Mágoa, mudas criaturas se velam,
Ilógicas janelas estendem-se em silêncio Sobre campos, enterrados Órgãos humanos, fálicos olhos, órfãos De mãe e pai, universais os sonhos,
A razão e o conhecimento, o instinto, Não morrem, de modo algum se enterram, Deixem descer à vala o corpo, comum Simples, profano, refugo, peste...
Joel Matos ( 3 Fevereiro 2021)
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