Bebo-me nesta febre de ti

Data 07/03/2021 19:49:38 | Tópico: Poemas

Sinto a minha alma, como quem sente a brisa
nos dias em que se desenham todas as verdades esculpidas
pela razão despida da emoção.

Mas sinto-a, sinto-a como quem sente a vida
no lugar certo, no abrigo perfeito, do sentido da exatidão
que refulge na aurora dos dias.

De peito aberto, espanto as vontades,
desaguo em sentidos vertidos pela sensatez,
e moro no lugar da mansidão que me percorre.

Recordo as marcas da vida, escaladas íngremes,
desafios que pareciam de difícil superação
inultrapassáveis, mas que superei.

Venci, como quem renasce, como quem se realiza,
como quando nascemos de novo e nada sabemos
senão desfrutar do colo da mãe, das palmas à menina
que crescia e se endireitava na estrada da vida.

Hoje árvore frondosa, desafio-me, os ramos secam-me
nos dias de sede, estendo as raízes em busca da seiva fresca
sacio-me nas novas roupagens, há novos galhos a crescerem
espairecem com o brilho do sol que desponta, há um perfume
novo no ar, inclino-me sobre a janela da alegria que me percorre
e bebo-mo nesta febre de ti que trago por dentro.

Alice Vaz De Barros


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