
Um dia dei-me as mãos por dentro!
Data 08/03/2021 22:52:43 | Tópico: Poemas
| Nasci no coração da seiva da terra, e a minha vida partiu rumo à descoberta da Luz.
Desatei-me do cordão umbilical que me unia à minha mãe sorri, chorei, fui feliz, encantei, cresci, rodopiei e sonhei.
Quanto mais sonhava mais me libertava, sempre que abria os braços voava e sorria, sorria...
Havia em mim, uma melodia inquieta e energizante que me possuía, me fazia levitar, de dia era paz, à noite era anjo.
...mas... um dia, a vida aprisionou-me, sim amarrou-me... e eu não sabia desatar os nós da sofreguidão...
Mergulhada nos nós, respirava e debatia-me...
Mas vivia, ah se vivia...
Até que um dia, deixei de olhar para fora e dei-me as mãos por dentro, nunca mais fui a mesma.
Deixar de olhar para fora, fazia-me crescer, amar-me mais, dar-me mais, e quando mais crescia por dentro, mais a fonte do meu amor transbordava ...
Fui tanta gente, fui canção, fui pássaro, fui flor, melodia ao vento, fui alegria, fui morte, fui pranto, fui lamento e descontentamento...
Hoje não sendo nada, sou tudo, sou a voz que ecoa nas planícies o canto da brisa suave, a Luz de todas as auroras e sou feliz.
Há em mim uma alegria que se multiplica, uma canção de ninar, uma paz que irradia e quer ser sempre menina, no rosto da vida.
Hoje acordei todos os sonhos para vivê-los, estendi-lhe a mão e fomos viver juntos, crescíamos nas gargalhadas matinais, à noite velava o seu sono, era anjo e habitava-o.
Não sei se a vida me deixará respirá-lo, mas para sempre eu sei que vou amá-lo.
Alice Vaz De Barros
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