Trago no peito a consolação dos dias vestidos de ti e trago tudo.

Data 11/03/2021 13:26:47 | Tópico: Poemas

A manhã acorda no horizonte, levanta os braços
do dia e refulge como o sol nesta quase primavera,
como o início de qualquer coisa,
qualquer coisa que nos acorde da monotonia,
que nos atiçe e nos convide a sair de dentro de nós,
em busca de algo que nos leve a acreditar
que somos mais do que este tempo que nos limita
os quereres, embalados na espera.

Corro, como quem corre à velocidade da luz
neste brilho incandescente dos sorrisos espelhados
no olhar das estrelas que trazes nos olhos,
os meus sorrisos mergulhados na imensidão de tudo
o que sou, à espera de saltarem de dentro de mim,
para agasalharem o céu que trazes nos lábios.

Trago em mim as emoções dos dias vividos,
da alegria indizível deste canto que ecoa como a balada
de uma promessa reveladora em cada olhar que sepulta
ali sentidos vestidos de sonhos, para acordar na maré
perfumada de todos os dias dentro de tudo.
Esta determinação com que abraço os dias,
é como um agasalho de quietude, no compasso da espera,
envolve-me como o perfume do corpo aceso,
na mudez dos lábios.

Tanto rio corre na imensidão dos dias transparentes,
adivinhando o curso das águas, nesta constância
dos gestos alegres, introspetivos, reveladores e serenos,
ora falantes, ora silenciosos,
sempre tão necessários.

Deixo morrer as dores quando me espreitam,
ficam confinadas ao desalento, sem eira nem beira,
longe de toda a minha felicidade inatingível.
Trago no peito a consolação dos dias
vestidos de ti e trago tudo.

Alice Vaz de Barros
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