Pinto na tela secreta do teu peito as minhas mãos

Data 09/04/2021 09:45:13 | Tópico: Poemas

O cheiro das rosas brancas perfuma-me a pele,
as pétalas aveludadas tocam o calor das minhas mãos.

De olhos fechados deixo-me inebriar pela fragrância
que inunda o ar, escuto ao longe a melodia
dos teus passos, o arrepio na pele, a alegria estonteante
do batuque no meu peito, como se um cântico se elevasse
ao céu, na melodia dos meus sentidos.

Pousas os olhos suavemente sobre mim, como se na delicadeza
do teu olhar florisses canteiros de flores nos meus olhos.

Dispo todos os sorrisos nos teus olhos, para os deixar mergulhar
nos teus lábios, as tuas mãos são como pássaros a voar
nos sorrisos do meu peito.

Dou um salto para o poente, como quem faz malabarismos
na linha do horizonte e agarro a ternura do sol quente
que adormece os seus raios flamejantes, no colo do nosso amor.

Saberás sim, saberás tocar o céu do meu rio como quem toca
as pétalas delicadas de uma flor, como quem veste a noite
de melodias, como quem derrama a pureza da alma
e se veste de sorrisos inebriantes na voz que se eleva,
na serenidade do âmago que te embala, no respirar
dos sentidos em uníssono.

Dispo os sonhos como quem mergulha na água cristalina,
como quem se eleva nas alturas e enxerga todos os caminhos,
como quem sente as raízes nos pés e a determinação de ir
sem voltar.

Pinto na tela secreta do teu peito as minhas mãos como uma dádiva, no sopro do ar do meu hálito quente solto uma partitura escrita com as notas da melodia do nosso amor, para bebermos sofregamente toda a verdade.

Cinges os meus ombros com a delicadeza de todos os poentes
que te habitam, puxas o sol antes de se deitar na linha
do horizonte e o que prevalece é o rigor da nascente
que trazemos por dentro.

Alice Vaz de Barros


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