Sei do que me leva,
Data 19/04/2021 23:19:54 | Tópico: Poemas
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Sei do que me leva, Não ao que me trouxe, Nem ao que me demora, Quer eu queira ou não estar,
Todo de resto é espera, E a noção de que fui Eu quem me levou A passar do que sou,
Pra outro, o que se estranha, Ou estarei errado s’tando, Pois me conheço não sendo eu, E se me iludo assim mesmo,
É porque que me elevo Ao enigma que aqui Me traz, não sendo Eu quem me iliba por inteiro,
Levo-me aos que me levam, Não me lembra o nome, o deus Ou o que me trouxe ao certo Desperto, dormindo
Nego chamar-lhes seja O que for, sendo eu quem Se acha preso, atado Ao simbolismo, ao desígnio
Pra que me possa encontrar, Consiga dizer ao menos eu E até onde me é suposto sendo o que sou, Duvidar de mim próprio, eu mesmo
Daquilo que penso ser meu, igual Em aroma a um logro, um lago De engano puro, mentira o amor divino Que me é dado dum lado goro,
Contingente é a perpétua Escrita, ancorada nas paredes da casa, Sei do que me leva a isso, cal viva, Um suave agouro, um mau agrado,
Tud'o resto é doce, a cada respiração Um sessar cínico e o espírito da razão, Da renúncia, a descrição humana, Variável de rosto pra rosto,
Sendo o que eu e tu somos, em vão, A despida realeza da que se foi, Mesquinha rainha, raiz magra ou morta, Odeio o dia em que quis ser tudo.
Joel Matos (20 Abril 2021)
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