A Anatomia do Sonho
Data 14/04/2021 17:25:07 | Tópico: Poemas
| O sonho propõe as obscuras estórias da consciência Que vai navegando nas ocultas dimensões sonhadas Renovado pelo oblívio que traz a luz de cada manhã
O sonho vem das encantadas linhas das constelações Abre espaços no cerne fugidio do que se acha ser real Nutre-se da própria negação na cor da flama primeva
Nele o outono chega inaugurando tempos de bronze Transmutando por brandura os espectros da agonia Para seguir embriagado a linha prata do arco da lua
Um pássaro a cantar comemora a colheita da cevada Um homem celebra no vinho astúcias e esplendores O poeta remove da alma os soluços não consolados
Enfim o verão se foi, mas não seu rubor, seu ar febril Deixou ainda nas nuvens da tarde vergéis de trovão Como um tropel a anunciar que a noite se aproxima
Pensamentos marcham nos pátios desertos da mente Por arcadas solitárias busca o amor ávido encontrar Seu lugar e frutos, acolá dos muros, livre de grilhões
Quase a terminar o sonho, eis que afinal surges, nua Nada a ocultar o corpo esguio, doce flor de tentação Vejo diante de meus olhos um quê infindo de desejo
No meu sonho, te empresto das flores seus perfumes Do vento imitamos seus movimentos em nosso galope Ao fim do amor nos legamos sentir o reverso do tempo
Percebo teu calor ao meu lado nesse sentimento vivo de meus pássaros selvagens terem habitado teu corpo Insensível a tudo, o dia reclama, é a hora de despertar
O regato murmura, nas estradas margeadas de árvores Tem um rumor de infância, eis afinal o que deixamos: A inocência rasa, na descoberta do amor enfim revelado
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