
Rendição
Data 14/04/2021 18:31:59 | Tópico: Poemas -> Crítica
| Vejo colada à minha retina pastos cercados de arames e ferrugem Pessoas como animais, frutos perseguidos, sem poder se locomover Não mais se vive conforme as receitas, mas com o sacrifício alheio Por todos os lugares grassam os subornos repassados sob as mesas Tão poderosas quanto vazias de algum trabalho honesto sobre elas O autoritarismo em exercício a iludir os incautos em favor próprio Em distorção dos valores das vidas de operários agora sem salários Legados a um severo abandono, sem poder levar pão para sua casa Nada resiste a tanto desamor e o silêncio preenche espaços vazios O pai de família sai de casa, na boca o gosto acre dessa despedida Pois na volta, quiçá trará comida e se trouxer, sabe-se é tão pouco Isso retumba em sua alma-ave combalida que voa sem plano de voo Apenas submete seu corpo ao pó escuro das fuligens do cotidiano Em casa a infância das crianças se esvai, órfãos de qualquer lirismo Nos varais, parcas alvas roupas são bandeiras hasteadas a pedir paz Não compreendo os dias subtraídos da vida de meus conterrâneos Nem porque capitulamos sem luta. Onde será desistimos da honra?
Porque nos rendemos a esses políticos que nos coagem conforme suas conveniências sem qualquer plano ou estudo para minimizar a dor da fome ou a dor da morte? Quando desistimos de ser pessoas para sermos ovelhas, balindo inocentes a caminho do matadouro? Porque deixamos esse canalhas e seus projetos de poder destruir nossas vidas e seguimos calados?
|
|