Desperto
Data 23/04/2021 08:25:01 | Tópico: Prosas Poéticas
| Atenta aos lugares sombrios sarjetas de águas paradas, inquinadas onde ratazanas chafurdam desperto no submundo escondido e protegido, de cada um. Desperta das trevas, também a consciência não é mais um peso meu obrigação leve, de ir limando, aparando levando, quase invisível mas cruzes, que não sendo minhas os meus ombros cansados se negam a carregar. Renegando-as. Às consciências de quem as deixou pelos caminhos sementes que não vingam, não florescem nem dão frutos restará pouco, depois de se fazerem órfãs. Tentarão. Misturar-se-ão com os pólenes numa roupagem semelhante envolver-se-ão com a terra lavrada e se confundirão com a sementeira. Na rega quererão lavar-se, limpar-se em cerimónia angelical. Mas quando a colheita se fizer a escolha será feita. Inevitavelmente. E o restolho ficará nos campos. Nem os ventos ou tempestades as devolverão à forma primitiva. Atenta e desperta das trevas adormeço de consciência leve porque ninguém terá de carregar o peso das minhas palavras dos meus actos ou das minhas verdades e escolhas. Só eu. Não me faço cega, nem surda, nem muda. Nem idiota. E a consciência não me pesa nem me rouba o sono. Porque, diz que tenho as costas largas. E sei voar. Assim não me quebrem as asas. Vou acreditar.
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