Céu distante

Data 27/04/2021 15:21:51 | Tópico: Poemas

Saíste
Sem avisar
E a tua ausência espalhou-se pela casa
Como um manto de horas longas
Cobrindo tudo o que breve foi nosso

As petúnias que cuidavas, perguntaram ontem por ti
Disse que voltavas hoje para jantar
Menti-lhes

Guardei
Sem pensar
A saudade dobrada em dois
Naquela coisa brilhante que prende os guardanapos
E deixei-a entre os dois copos
Postos sobre a mesa

Nos fragmentos daquele dia claro de Abril
Ainda és mulher e fogo em mim
És Sol, num céu distante, sem ocaso
E do intervalo que se impôs, és o adeus do meu fracasso

Não sei bem porque quero que voltes
Se é porque ainda te amo do fundo das entranhas
À superfície das linhas deixadas nesta folha
Ou se porque o meu fígado não aguenta mais a tua ausência

Na dúvida trago à noite mais um copo que bebo até ao fim
E sinto o teu ar espalhado pela sala
Onde ainda és a mulher, o fogo e a musa em mim.



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