AGOSTO

Data 25/04/2008 17:48:21 | Tópico: Sonetos



Agosto. Cochichos de gatos no telhado.

Noite comprida, meu cavalo vai sozinho...

Mas que cavalo?! Sou eu mesmo, disfarçado,

A seguir rastros que deixei pelo caminho.


Sem a ternura que me despertava o vinho,

Sóbrio sou de novo este olhar desesperado

De quem sobre o próprio cadáver tem chorado:

Órfão de mim, como escapar ao torvelinho,


Que insiste a convidar-me a morrer mais uma vez?!

Devo, conformado, subir este calvário

E das minhas mortes ser apenas bom freguês?


Ou mudo para sempre o itinerário

redescobrindo nos confins da insensatez

um outro agosto que não há no calendário?

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júlio


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