
Fábula Social
Data 15/05/2021 22:05:41 | Tópico: Poemas
| Não escolhi este lugar disforme no enorme vácuo dessas vaidades Este lugar apinhado com inúmeros perfis, quais tristes procissões Formam fabulações vivas a percorrer os sentidos, crispar os olhos Entre as nuances invisíveis que se projetam no fulgor dos sonhos
Não pretendi estar aqui entre sorrisos simulados e silêncios gentis Um mundo que vale o que se tem por exibir e etiquetas elegantes Ocultos atrás de máscaras eles expõem à realidade os contrários Surgem por impulsos, na trama obscura, que é a matriz da dúvida
Repassam as palavras, após torcidas pela fricção nos sentimentos Dão gargalhadas desatadas e ácidas na teia negra das simulações E o que era segredo transparece em cordões de frases brilhantes Mas nada se pode fazer, só retorcer a boca num sorriso metálico
Entre eles, meu pássaro tem a voz silenciada, tem os olhos mudos Sente-se exilado, solitário meio a um reino de trevas sem essência Abandonando qualquer trejeito de surpresa que viesse conservar Reserva seu voo em busca daquele sorriso de prata d’outros ares
Tudo que jazia adormecido ressuscita em sua forma evanescente O pensamento que é anterior ao ser se liberta em nítidas imagens Os vestígios de tua meiga lembrança perduram sempre invioláveis Residem, inesquecíveis, no mais belo círculo da minha imaginação
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